No país do carnaval, futebol, e lambança

Trilha sonora:

Recebo mensagens carimbando o futebol e o carnaval “ópio do povo”. “O país está bagunçado, alienado”.

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Quando o estudante Jorge Amado começou a escrever o seu primeiro romance os gaúchos de Getúlio Vargas amarravam os seus cavalos na capital do Brasil. Quando Paíz do Carnaval foi publicado o São Paulo ganhava o seu primeiro título no campeonato paulista de futebol. Aconteciam os primeiros grandes desfiles de blocos e cordões carnavalescos.

O carnaval mantém o povo alienado

Repita uma lorota com convicção. Diga uma mentira com lágrimas. Ponha parceiros, Padres, Pastores, para falar. Pague Rádios, TVs, Políticos, para repeti-la, e a mentira vira verdade. Festa pagã para celebrar a boa colheita o carnaval foi proibido e depois reabilitado pela Igreja Católica. O carnevale chegou ao Brasil com os portugueses. E ficou. E cresceu. È o mais famoso do mundo.

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Há carnaval na Itália. Alemanha. Bolívia. Peru. O famoso carnaval de Barranquilla na Colômbia. Em Cuba. Estados Unidos. França. México… Mas, a subserviência, a confusão e a malandragem ideológica de brasileiros fizeram do carnaval “ópio do povo”. E a frase pegou. A mentira virou dogma. Verdade.

Ideologia é uma merda

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Com o Carnaval do Brasil no mundialmente famoso Waldorf Astoria Hotel, Nova York, em páginas e horário nobres, eu fui contratado pela prefeitura de Nova Orleans para dar um Brazilian flavor ao mais popular carnaval dos Estados Unidos.  

Janete Bezerra, vedete do teatro revista, carnavalesca de alma e coração, levou modelos e fantasias. Todos aplaudiam os músicos. O samba no pé das passistas e as nossas belas fantasias. Algumas foram usadas no filme Orquídea Selvagem com Mickey Rourke e Jaqueline Bisset.

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Uma semana de muita alegria. Descobertas. Mistura de samba com sons jazzísticos, salseiros, rumberos. A presença francesa é muito forte em Nova Orleans. Vi e senti na pele o resultado da miscigenação de brancos e negros. Bonitamente defendida por Martinho da Vila. Levei Michele várias vezes ao carnaval em Nova York. Mulata de narizinho saxônico arrebitado, pele rosada, olhos verdes.

Não ouvi/ li/ vi/ alguém reclamar, dizer, que o carnaval em Nova Orleans é ópio do povo.

Estive no carnaval da Alemanha, Veneza, Cuba, Barranquilla. Não vi negro, índio, branco, sendo discriminado. Não ouvi que o carnaval è “ópio do povo”. Não li que as elites e o imperialismo, leia-se Estados Unidos, apóiam e promovem carnaval e futebol para manter o povo alienado.

O mesmo Jorge Amado de País do Carnaval, deputado comunista, Prêmio Stálin da Paz, já maduro, Tereza Batista cansada de guerra, deixou bem claro: “ideologia é uma merda”.

Futebol, ópio do povo

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Imperadores, anarquistas, comunistas, nazistas, populistas, sempre manipulam esportes. Gostam de multidões nas arenas. Palco de atores “carismáticos”. Fazedores de gols políticos. Stálin, Hitler, Perón, Mao, não praticavam esportes. Viviam 48 horas baratinados. Viajando. Viciados no ópio das utopias.

Note que líder populista fala, torce, marca presença, mas, não pratica esportes. Ópio ideológico, ganância de poder, corrupção, não deixam. “Não tenho tempo para amenidades. Faço “política” 24 horas”. Mas, adora dar o pontapé inicial.

FalcaoVi Falcão, o Rei de Roma, e Toninho Cerezo, levantarem multidões. Não ouvi ninguém dizer na Itália que futebol é ópio do povo. Vi Romário em Madri. Não ouvi na Espanha, terra da líder comunista Dolores Ibarruri e do poeta Garcia Lorca, que o futebol aliena.

Comunistas, nazistas, populistas, manipulam. Tiram proveito. São eleitos pelo ópio carnaval, futebol. Usados pela “elite branca, de olhos verdes, que manda nesse país”.

Artilheiro e Mestre Sala de 60 milhões de torcedores.

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Lula, o presidente pardo, sabe muito bem do que fala. Foi a Venezuela ensinar Maduro, verde e idiotizado pela sombra de Hugo Chávez, a dizer que lá a culpa pela inflação, falta de alimentos, crime e violência nas alturas, é também “das elites”. Um de seus mantras preferidos. E parou aí, pois, o venezuelano não considera o beisebol (esporte criado no Império) e o futebol: ópio do povo.

Nunca antes na história desse país um presidente manipulou religião, futebol, carnaval, tão bem, como Luis Inácio. Arcebispo, Pastor, Artilheiro, Mestre Sala, de 60 milhões de torcedores/eleitores brasileiros. Pela “ideologia” de seu partido, há muito descartada, futebol e carnaval alienam as massas.

As duas Técnicas

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Lula faz bagunça. Dilma faz lambança. Mas, a nossa presidente não está sozinha no jogo das multidões. A meia-esquerda Cristina Kirchner segue engraxando todas as chuteiras da Argentina.

Estatizou as transmissões da Copa. Negocia o sinal a quem lhe promete apoio e votos. A Bolsa Futebol alimenta cartolas. Se, los hermanos vencerem a Copa, Cristina suplantará Evita Perón no placar emocional e supersticioso dos argentinos. Tango e Samba. As duas mais expressivas nações da América do Sul. Dois lindos países dependem das Técnicas. Duas presidente dependem do resultado de suas equipes nacionais. Quando não interessa futebol é ópio do povo. Quando interessa é a salvação política.

Carnaval Samba Futebol

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Positivo ou negativo. Cada nação apresenta aquilo que o seu povo produz. Ate que surjam outros, Samba, Carnaval, Futebol, são os principais produtos culturais do povo brasileiro. Os mais conhecidos no exterior.

O futebol descoberto e trazido pelo paulistano Charles Miller, durante anos, foi considerado pelas Sininho, Maria Helena, Maria do Rosário, Marilena Chauí, e radicais da época, “penetração colonialista”. Leia-se, Inglaterra. Como depois, o Cinema, a Coca-Cola, o Hot-Dog. Leia-se, Estados Unidos. Como todos se beneficiam e dependem dela não baixam o pau ideológico na internet. Criação USA.

Samba e futebol levaram/levam cacete da direita e da esquerda. Rodas de samba, gafieira, foram proibidas. Delegados, como o Padilha, imortalizados nos sambas de breque de Moreira da Silva. No primeiro samba gravado “O chefe da policia mandou me avisar”. Samba e Futebol, para muitos da direita, era/é bagunça de vagabundo. Para a esquerda é lambança das massas.

Campeões do mundo 

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Com o profissionalismo do futebol europeu e a exportação de craques brasileiros o nosso ludopédio mesmo com mazelas, má gestão, corrupção, cresceu, melhorou. Somos várias vezes campeões do mundo. Sediamos a Copa.

O carnaval maravilhoso-cartão postal sempre manipulado por políticos. Com bagunça, lambança, insegurança, que tomam conta do país, com imagem e espetáculo dominados pela Globeleza da TV brasileira, a nossa maior festa popular está ficando confinada ao Rio, Bahia, Recife.

No interior “o carnaval não é mais o mesmo”.

E não poderia ser diferente. Milhões de jovens passam mais tempo nos game e conversas na internet do que em atividades esportivas, musicais, culturais.  Mais e mais denominações religiosas querem distância do carnaval. Para umas, profano. Para outras, ópio do povo. Mais prefeitos alegando economia de “gastos” deixam de organizar o carnaval de rua. È mais um produto cultural do país que se extingue.

A elite governante intoxicada pelo dogmatismo ideológico não “tem tempo para diversão”. Está de olho é na eleição. “Depois da revolução será outro o carnaval”. Tomaram o poder. A produção cultural do país piorou em qualidade e quantidade. O Brasil está cada vez mais embrutecido.

“Não deixe o samba morrer”

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O tango da Argentina. A valsa da Áustria. Rock dos Estados Unidos. O flamenco da Espanha. O fado de Portugal. A tarantela da Itália. A salsa da Colômbia. O merengue da República Dominicana. Samba e carnaval são irmãos gêmeos paridos pelo povo. O primo mais rico é o futebol.

Continua na pauta diária de nosso repertorio sócio cultural não deixar o samba morrer. Povos defendem seu patrimônio artístico, cultural, esportivo. E se destacam pela produção de sua gente. Ate que surjam Premio Nobel, grandes descobertas, invenções realmente originais, o Brasil está no imaginário mundial pelo samba/bossa nova, ritmo inigualável, vibrante, bonito, sensual, que leva ao carnaval made in Brazil celebrado, festejado, como em nenhum outro lugar do mundo. E pelo seu futebol.

A nação não interessa. A eleição interessa.

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No País do Carnaval Jorge Amado fala da descrença dos intelectuais. Do Brasil sem princípios éticos. 

O livro considerado  subversivo foi queimado em praça pública em 1937, durante o regime do Estado Novo. Com o Rádio engatinhando. Pouquíssimos telefones. Os carnavalescos se comunicavam por sons, ritmos, tradições. Por alegria e bom humor. Outrora, marcas registradas do povo brasileiro.

A premissa, a percepção, do ambiente de 1931, não mudaram. Cá estamos na maior bagunça urbana de nossa história. Instituições fragilizadas em frangalhos. O Brasil sem doutrina. Princípios éticos. Sem objetivo politico. Governado na lambança dos trancos e barrancos.

País de poucos e arredios filósofos. Cadê os marxistas? Cadê a intelectualidade? Cadê os ativistas “revolucionários” que fecharam ruas e universidades nos anos 70/80/90/2000?

Padecemos sob o poder de uma presidente que lava as mãos. Orientada para não enfrentar vandalismo, desordem, crime, defendidos como  “manifestações democráticas”. Mistureba de idealistas, bandidos, traficantes, milicianos pagos para ver o circo pegar fogo. A elite que governa o país não está interessada em valores, princípios. A nação não interessa. A eleição interessa. Carnaval e futebol são usados para a grande partida do poder.

Ver e enxergar

Aos que enviam mensagens repetindo que carnaval e futebol são ópio do povo em verdade, em verdade, respondo: mudem o foco do desagravo. Da frustração. Decepção. Do protesto. É preciso lucidez e coragem. Ver e enxergar. È preciso dar nome aos bois. O alvo deve ser os manipuladores e canalhas que usam e abusam do carnaval, do futebol. Os mesmos que dizem, quando lhes interessam, que futebol e carnaval alienam o povo. O gol e o repinique devem ser na “elite que governa esse país”.

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