Carnaval na Bahia

 
 
Sou primo pobre do Luis Serra que você acolheu como fotógrafo do seu jornal em Nova York.  Luis se divertiu em Paris. Badalou em Nova York. Ganhou dinheiro em Miami.  Com sorriso cativante e seu jeito de baiano debochado viveu como um Pequeno Príncipe.  Foi consumido pelo alcoolismo. Gostei de te localizar pela internet. Tenho umas fotos dos tempos manhhatinos de Luis e da Elizabeth Gems segundo consta em um envelope amarelo do jornal The Brasilians. E gostei muito desse seu Escreve que eu publico. E como detesto abreviações e garatujas de idéias e pensamentos segue ai o texto completo sobre o famoso Carnaval da Bahia (digo Salvador). Marcio Magalhães Serra, Ilhéus, BA

“Faturamento de um camarote de carnaval: R$ 14,4 milhões. Taxa que paga à prefeitura:

R$10,58. Ser empresário de bloco ou camarote no Carnaval, na Bahia, não tem preço!

Números reveladores do Carnaval da Bahia publicados na Revista da Metrópole:

O bloco Camaleão fatura sozinho apenas com a venda de abadá, R$ 6,65 milhões.
O Me Abraça fatura R$ 5,4 milhões do mesmo jeito, fora patrocínios.
O Corujas fatura 4,94 milhões.
Tudo isso em apenas três dias.
Já os camarotes faturam assim:
O do Reino, R$ 7,2 milhões;
Nana Banana, R$ 6,2 milhões;
Camarote Salvador, R$ 14,4 milhões.

Tudo isso fora os patrocínios.
Mas, por outro lado, sabem quanto um empresário paga de taxa à Prefeitura para montar um camarote no circuito do Carnaval?

R$ 10,58 de taxa inicial e mais 42,34 por metro quadrado. Uma pechincha. Um achado. Uma oportunidade da China. Ou seja, os empresários não bancam, nem de longe, o custo da festa.
Então, quem banca? O Governo do Estado e a Prefeitura investem R$ 30 milhões para colocar polícia na rua, realizar a limpeza, montar e desmontar toda infra-estrutura, pagar equipes de saúde, etc.

Porém lembrem-se: o dinheiro do Governo do Estado e da Prefeitura sai do nosso bolso.

E considerando que pesquisa divulgada recentemente no A Tarde constatou que 76% da população de Salvador não pulam carnaval, e mesmo os 24% que pulam ficam espremidos entre tapumes e cordas de blocos. Bancar essa festa imensa com dinheiro público fica mais injusto ainda. Ta na hora dessa conta mudar de mãos: quem fatura com o Carnaval é que tem que bancar a festa.

Tudo precisa ser mudado.

Quer fazer Carnaval, faça para o povo baiano também!…

Em tempo: a Daniela Mercury ficou revoltada com a Prefeitura porque não atenderam ao seu pedido de elevar a altura dos fios da rede elétrica; segundo ela, o seu novo trio ficou um pouco mais alto o que colocaria sua vida em risco; o custo desse pedido, só no circuito da Barra seria mais de 3 milhões de reais;

Já comprou seu abadá do próximo carnaval? Não?
Então corra que está acabando!…

ENQUANTO ISSO!…

O hospital Martagão Gesteira declara que a Prefeitura de Salvador há dois meses não paga uma dívida de R$ 2 milhões e o hospital corre o risco de fechar este mês e 700 crianças ficarão sem tratamento, mas para o carnaval nos bairros da Barra-Ondina foi gasto sem titubear R$ 60 milhões pelos gestores do município e do estado.

O carnaval é prioritário, a saúde não!

Quem quiser responder que o acima não é verdade Escreve que eu publico: oreporternahistoria@gmail.com.br

Elizabeth Gems e Luis Serra (o terceiro da esquerda para a direita) representando o jornal The Brasilians no coquetel no White Hall Club para introduzir  a cerveja Brahma nos Estados Unidos.

Marcio Serra: que bom saber dessas fotos. Continuo recebendo jornais, recortes, fotos, DVD tirado dos velhos VHS. Infelizmente, fui deixando coisas ao longo do caminho. Recentemente, umas caixas com fotos, presentes, foram identificadas como minhas num apartamento em Moscou. Uma amiga “escondeu” coisas em seu chalé na ilha da Madeira. Tenho coisas em Upsala, Suécia. Na Flórida, Nova York, Cuiabá, Chapada dos Guimarães, São Paulo, e ultimamente, em Santa Catarina. E o tempo ta ficando curto pra reunir todo esse material. Com o scanner tudo fica mais fácil. Um prazer receber essas fotos.

 O Luiz costumava guardar em caixas de sapatos rolos e rolos de filmes com as folhas de prova. Ele dava alegria ao jornal, ao Brazilian Promotion Center, à Rua 46. A última vez que nós estivemos juntos ele já estava em adiantado delírium tremis. E num momento de paz metabólica ele quase apronta um pega-pra-capar com nada mais nada menos que o grande ator Anthony Quinn. Foi assim: Fui visitá-lo. Descíamos de seu apartamento na esquina da Broadway com a Rua 52. Entra no elevador Anthony Quinn (que eu reconheci de cara) com uma bela garota. Luis abre seu melhor sorriso e faz galanteios. Eu tento desviá-lo da paquera. Não adiantou. No térreo, Anthony Quinn manda: hijo puta te rompo la cara. Puxei o Luis e saímos de banda. Luiz não sabia que o famoso ator era mexicano-americano e que por supuesto hablava espanhol e por tabela entendia português.

Anthony Quinn filho de irlandês com mãe mexicana nasceu em Chihuahua, México. Um dos grandes nomes do cinema. Ele interpretou: Barrabás, Quasimodo, Zapata, Paul Gauguin, Zorba, o grego, o Papa, Onassis. Fez dupla com Kirk Douglas, Gregory Peck, Omar Shariff, Sofia Loren, Jaqueline Bisset, Maria Papas, Giuletta Massini no memorável La Strada de Federico Fellini. Considerado um latin lover sempre com belas mulheres. Filmou no Brasil Oriundi com Paulo Autran, Paulo Betti, Leticia Speller, Gabriela Duarte. Pai de 13 filhos. Faleceu em 2001, em Boston

 

 
Salvador Dali, espanhol, assustou e conquistou com surrealismo e extravagâncias. Seus quadros são encontrados nos mais famosos museus do mundo. Em Nova York hospedava-se no St. Regis Hotel de onde saia para caminhar e fazer seu showzinho segurando filhote de tigre com uma coleira cravada de diamantes. Aglomeração imediata. Publicamos no The Brasilians foto de Luis Serra de Dali com seu tigre na Quinta Avenida.

 

 

O Luis era entrão e realmente conquistava pessoas. Fez-se amigo do excêntrico Salvador Dali que se hospedava no St. Regis Hotel e caminhava pela Quinta Avenida com um filhote de tigre em coleira de diamantes. Depois de encrencas como vendedor de passagens aéreas- ele reprisou na Flórida o Centro Brasileiro de Viagem que eu havia criado em Nova York –virou Merchant de quadros famosos. Tinha razoável coleção de Botero e Dali. Umas latinas ricas gostavam dele e o ajudavam. Certa vez em Miami levou-me ao apartamento de vista deslumbrante.  Dizia “não é meu, meu Rei, mas é meu”. Quando ia a Nova York fazia questão de se hospedar no Waldorf Astoria ou no St. Regis onde conheceu Salvador Dali. Eu dizia: por que gastar essa diária de hotel se você pode ficar no Roosevelt, Paramount, Edison. Luis respondia: “aprendi com Onassis a quem cumprimentei no Maxim’s em Paris: hotel e restaurante sempre primeira classe mesmo que seja num quarto do pior andar ou apenas uma taça de vinho e um prato de sopa. Se for pedir dinheiro emprestado peça muito”.

Fernando Botero projetou a Colômbia sangrando e sangrenta no cenário das artes. Pintor, escultor, paisagista, se identifica por suas figuras fortes, rotundas, impressionistas, expostas nas mais famosas Ruas, Praças, Avenidas e galerias do mundo. Vi alguns Botero e gravuras autenticadas por Dali no apartamento de Luis Serra em Miami. Sem familiares nos EEUU, sem herdeiros, ninguém sabe o que foi feito do acervo de Luis Serra.