Bon jour tristesse

MÚSICA – Mangueira 1986 – Caymmi mostra ao Mundo o que a Bahia e a Mangueira tem

Na segunda-feira após as eleições presidenciais uma faixa na Praça de La Concorde: Bon jour tristesse. Desde os tempos do nascimento do povo francês às margens direita e esquerda do rio Sena origem do termo político que designa “revolucionários, socialistas” de esquerda e conservadores, defensores da propriedade privada, “capitalistas”, de direita, a França está sempre a enfrentar desafios.

Invasões de bárbaros, o domínio romano, as guerras com ingleses, o reinado dos Luízes, a Revolução, Napoleão, guerras com alemães, a ocupação nazista na segunda guerra mundial, De Gaulle, a guerra na Argélia, o terrorismo interno, o sonho socialista com Miterrand, centrais sindicais sob o domínio do PCF (Partido Comunista Francês), greves, subsídios, polpudas aposentadorias, corporativismo, Sarkozy governando sob pressão dos tradicionalistas, multidões de imigrantes, crise européia, a dobradinha França/Alemanha para conter o desastre, e a recente vitoria do “socialista” François Hollande para presidir a terra dos grandes movimentos filosóficos e sociais.

Se afrouxar internamente poderá levar a Europa à catástrofe, se apertar e cumprir os acordos de austeridade firmados por Sarkozy a luta por benefícios, vantagens adquiridas, e a pressão por mais imigrantes, vai continuar. Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. Vive La France! La belle de jour!

Rio das mortes

Se a presidenta Dilma não vetar o projeto do novo Código Florestal, como pediu em público, a bela Camila Pitanga, apoiada por pessoas de bom senso, todos os rios e nascentes do Brasil serão condenados à morte lenta e gradual. TODOS OS RIOS E NASCENTES CORREM PERIGO DE MORTE. Todos já estão contaminados, assoreados, poluídos. Como pode deputados e senadores propor e aprovar ataques fulminantes aos rios do Brasil? Enquanto pelo mundo todo há um esforço gigantesco para reflorestar margens de rios e mananciais, no nosso país a proposta é do uso indiscriminado das margens dos rios; da proibição de divulgar o Cadastro Ambiental Rural; de romper o compromisso da recomposição das matas. Qualquer pessoa por mais idiota sabe que arvores e vegetação às margens de rios são necessárias e alimentam toda uma cadeia produtiva e reprodutiva. Quem está destruindo o meio-ambiente rural brasileiro não é o belga, holandês, norte-americano, francês, suíço, sueco. Essa balela plantada de “defesa da nossa Amazônia”, de invasão estrangeira é pra embalar generais “gênios” da geopolítica, e facínoras ambientais. O brasileiro é o principal destruidor das reservas florestais, minerais, e das águas de seu país. Loucura, ganância, suicídio coletivo!

 IBGE mais uma agência de propaganda

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístico-IBGE- deu uma guinada aos velhos tempos dos órgãos do partido único, das ditaduras. Sutil e malandramente passou a divulgar números e estatísticas “cientificas” da década de maior obscurantismo político, cultural, safadeza e retrocesso institucional de nossa história. Ganhos naturais do sistema econômico, da dinâmica financeira globalizada, avanços tecnológicos, são divulgados e repetidos pela mídia como feitos do governo Lula, o presidente dos maiores escândalos e assaltos aos cofres da nação, o presidente das muitas viagens internacionais e acordos pessoais firmados com a escória da escória mundial. O presidente das viagens inúteis com resultados inúteis (vide Líbia, Irã, Síria, Tunísia, Venezuela, Egito, Honduras, ditaduras africanas etc. etc).

Soltando as “boas novas” e omitindo as agruras do povo e a destruição do país o IBGE anuncia pesquisa para tentar “vender” a idéia stalinista de felicidade nacional. O IBGE como a Policia Federal, por exemplo, deveria estar acima de qualquer suspeita e influência política, partidária. Sempre a serviço da nação. Nunca se banhando em nossas muitas Cachoeiras. Pense e leia três vezes antes de divulgar números do IBGE que como o Bom Dia Brasil, da TV Globo, passou a ser mais uma agência de propaganda do governo.


BRASILEIROS NOS EUA!

(Folha SP, 09) A população brasileira nos EUA era de 339,6 mil em 2010. “Os brasileiros que vieram aos EUA têm alta escolaridade quando comparados aos que vêm de outros lugares da América Latina. E essas são as pessoas que, no Brasil, agora têm mais oportunidades”, afirma a pesquisadora Shannon O’Neil, do Council on Foreign Relations. Segundo o Censo, 86,5% dos brasileiros nos EUA concluíram ao menos o ensino médio. Esse percentual é de 39,9% para os mexicanos.

A renda anual dos domicílios de brasileiros nos EUA caiu 4,8% de 2009 para 2010 de US$ 50,2 mil (R$ 91,7 mil) para US$ 47, 8 mil (R$ 87,3 mil). O percentual de brasileiros empregados no país recuou quase dois pontos percentuais nesse período, de 72,3% para 70,2%. Apesar da piora, entre as 25 principais origens de estrangeiros nos EUA, o imigrante brasileiro é o que tem o maior percentual de empregados. E é o grupo com a 12ª maior renda.


O lucro das teles

Hoje, o cartel formado pela Oi, Telefônica, NET e GVT monopoliza 95% daquilo que deveria ser a ‘banda larga’ no Brasil. Assim, fica fácil para estas empresas impor tarifas extorsivas aos consumidores: em 2011 as Teles tiveram um lucro líquido de R$ 9,8 bilhões! O problema, é que em troca não se tem serviço de boa qualidade: os setores de telefonia fixa, móvel e de banda larga têm registrado o maior número de reclamações nos órgãos de defesa do consumidor do País.

Além de pagarmos os serviços mais caros do mundo (o dobro da média mundial), essas empresas não têm cumprido com as metas estabelecidas pela Anatel para melhorar os serviços de banda larga. Por exemplo, a de aumentar gradativamente a velocidade contratada para 40% até 2014. Atualmente as operadoras não entregam mais que 10% da velocidade contratada!

Diante de tudo isto, como entender que o Ministério das Comunicações esteja propondo ao governo atender à exigência das Teles no sentido da desoneração de tributos para participar da implantação de uma ‘banda larga’ que de larga mesmo tem muito pouco? A proposta: as Teles não pagariam os 9,65% do PIS/COFINS e teriam reduzida (de 15% para 3%) a alíquota do IPI para oito modelos de redes fixas e móveis, incluindo equipamentos, material e obras de construção civil. O prejuízo para o os cofres públicos seria da ordem de R$ 1,2 bilhão por ano.

E o lucro das operadoras, óbvio, seria bem maior!

Emerson Leal – Doutor em Física Atômica e Molecular e vice-prefeito de S. Carlos. depl@df.ufscar.br

Ainda a crise da Embrapa

07 de abril de 2012 | 3h 04
CELSO MING – O Estado de S.Paulo

A Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (Embrapa) perdeu o bonde e enfrenta séria crise de identidade a ser resolvida – como a Coluna de domingo passado mostrou. Mas ela não está sozinha. Justamente quando o agronegócio assumiu importância nunca vista no Brasil, a mesma crise de identidade que acometeu a Embrapa alcançou outros centros de pesquisa agropecuária, financiados com recursos públicos consagrados pelas impressionantes contribuições do passado.

É o que aponta o pesquisador científico José Sidnei Gonçalves, do Instituto de Economia Agrícola do Governo de São Paulo. Ele se pergunta sobre o futuro do Instituto Agronômico de Campinas (IAC). Nos anos 50, o IAC garantiu enormes avanços na cafeicultura ao desenvolver variedades Novo Mundo e estender a cultura para fora das manchas de terra roxa, sobretudo para o Cerrado. Hoje, no entanto, também enfrenta crise de identidade e o risco de ser reduzido à insignificância.

Gonçalves se impressiona com a dizimação da rede das “Casas da Lavoura”, que fornecia assistência técnica para o agricultor paulista. Para ele, institutos públicos de pesquisa genética são esvaziados pelo desmonte de redes públicas de assistência técnica e extensão rural, antigos canais de distribuição das sementes feitas pelos centros públicos de pesquisa. E, também, com a “mudança de padrão de financiamento da produção agropecuária com base no crédito subsidiado”.

O principal agente de financiamento das safras deixou de ser o velho crédito rural, oferecido principalmente pelo Banco do Brasil. Passou a ser coberto pelo lançamento de letras de crédito agrário no mercado interno de capitais, por meio da rede bancária privada.

Nessa paisagem, o vazio deixado pelos institutos foi ocupado por grandes empresas do ramo – como Monsanto, Agro Ceres e Syngenta – que contribuem cada vez mais com sementes desenvolvidas pela iniciativa privada.

Outro especialista em Pesquisa Agropecuária, Luís Galhardo, vê mais fatores que têm esvaziado a Embrapa. Um deles foi o Plano de Demissão Voluntária há alguns anos, que aposentou, no auge de sua capacidade científica, grande número de pesquisadores que deixaram uma lacuna em seus quadros.

Galhardo reconhece que as leis que anteriormente proibiam processos de modificação genética (transgenia) paralisaram a Embrapa. Mas este não é para ele motivo suficiente para estagnar a empresa. Ele observa que a soja tolerante ao herbicida glifosato (produto hoje líder de mercado fornecido pela Monsanto) permitiu o aparecimento de plantas daninhas tolerantes ao próprio glifosato, que prejudicam a produtividade da cultura. Isso reabre perspectivas para novas variedades a serem desenvolvidas por outros centros de pesquisa.

Isso significa que a Embrapa tem um campo fértil pela frente, lembra Galhardo. Mas, para isso, tem de se livrar do jogo corporativista do seu atual quadro de pessoal, avesso às transformações. Não é o fim do mundo perder o bonde. Quanto a isso, é como o metrô. Logo vem outro.

Jamelão, histórico e inconfundível puxador do samba enredo da Mangueira homenageado no palco do Waldorf Astoria em Nova York no mais famoso carnaval do Brasil no exterior.

Mangueira/Nova York/Cuiabá/Verde e Rosa

Foi assim:

No Rio de Janeiro falei com o governador Leonel Brizola com quem passei bons momentos na Rua 46. Ora no Brazilian Promotion Center/The Brasilians, ora no Hotel Roosevelt, o “quartel general” durante seu exílio nos Estados Unidos de onde saiu para ser, duas vezes, governador do Rio de Janeiro. O BANERJ patrocinava as escolas de samba para o desfile no recém construído Sambódromo. A Mangueira era a escola-piloto do grande projeto carnavalesco. Fui ao BANERJ, próximo ao meu escritório na Rua do Carmo. E quem me atende?  Wilson Fadul, vice-presidente do Banco respondendo pelas relações internacionais da instituição. Emoção e alegria.

Mas quem é Wilson Fadul e o que ele representou na trajetória de minha vida? Médico, militar da Aeronáutica foi prefeito de Campo Grande, atual capital de Mato Grosso do Sul e deputado federal. Candidatou-se ao governo de Mato Grosso pelo PTB concorrendo com as duas grandes lideranças do estado: Felinto Muller( PSD) e Fernando Correa da Costa(UDN). Na seqüência do movimento estudantil eu estava com Silva Freire, Bouret, Pecy de Barros, Benedito Pompeu de Campos, Nana Reiners, Ítalo Griggi e muitos outros, á frente da Mocidade Trabalhista. Viajei pela imensidão mato-grossense com Fadul e as reformas, Mudar para melhorar. Criei a parábola do ping-pong político no qual as oligarquias, no caso, Felinto Muller e Fernando Correa, trocavam as raquetes entre si e ninguém ganhava naquele jogo de bolas marcadas. Fadul teve uma expressiva votação, mas, quem ganhou foi Fernando Correa.

Com uma mão na frente e outra atrás, dormindo num quartinho nos fundos da Rádio a Voz do Oeste (Praça Ipiranga) graças à paternidade patronal de Roberto Brunini, apoiado sempre pelo braço amigo e os conselhos do professor, jornalista e amante do futebol, Ranulfo Paes de Barros, eu havia me transformado num “estudante profissional”. Empaquei no primeiro ano do curso Cientifico. Magérrimo, candidato a uma tuberculose light, vivia filando a bóia na casa de amigos e companheiros. Fui para Corumbá onde aprendi detalhes tipográficos e passei a editor do jornal o Correio de Corumbá, de Vicente Bezerra Neto, candidato à prefeitura da cidade, mais tarde senador da República. Simultaneamente ganhava uns trocados não permanentes na recém criada Rádio Clube de Corumbá quando então nos ligamos à cadeia da legalidade de Leonel Brizola. O país tremia e gemia.

De volta a Cuiabá conseguimos que Wilson Fadul me levasse para Brasília. Vivi em seu apartamento funcional de deputado federal ao lado da Rua da Igrejinha. Estudei a noite no “Elefante Branco” e entrei fundo no movimento estudantil sendo eleito Vice Presidente da UESB que com o Sindicato dos Bancários e o da Construção Civil “mandavam” em Brasília. Na seqüência fui eleito Secretário Geral da Mocidade Trabalhista do Brasil ficando no centro dos grandes acontecimentos da época. Freqüentei o Planalto e o Palácio Alvorada. Quando começou a grande virada of my life.

Líder estudantil integrei a delegação brasileira ao Congresso da Juventude pela Paz e Amizade em Helsinki, Finlândia. Fui conhecer Moscou. Pleiteei uma bolsa na recém criada universidade Patrice Lumumba. Passei dois meses de espera entre ás margens do mar negro. Fui conferir o local onde Roosevelt, Churchill e Stalin selaram o destino imediato da humanidade. Namorei na republica socialista da Moldávia facilitado pelo dialeto de origem latina. Visitei a Polônia. Quando voltei à universidade, Bingo. Fui aceito. Inicio de outras histórias.

Nova York e o Waldorf Astoria, hotel de reis, rainhas, personalidades e famosos mundiais ficaram Verde e Rosa. Mesmo com frio e neve as passistas sambaram pela Quinta Avenida. Jamelão cantou de corpo e alma (mesmo com as sonecas em pé nos intervalos). Beth Carvalho foi aplaudidíssima. Sons da bateria da verde e rosa empolgaram brasileiros, americanos e milhares de outras nacionalidades. A Mangueira ganhou, mais uma vez, o concurso das escolas de samba do Rio de Janeiro, e mais uma vez levei a Mangueira a Nova York.

E agora cá estou vibrando com o samba enredo da Mangueira-carnaval 2013 em homenagem à minha querida Cuiabá. No calorão de minha terra, assistindo brigas e disputas pela Copa do Mundo 2014, nos desencontros todos, o ir e o vir do pessoal da Mangueira para esse ensaio geral do samba cuiabano me faz voltar às alegrias naturais nós que histórica e culturalmente sempre estivemos ligados ao Rio de Janeiro. A Mangueira em Nova York deu-me muita sorte: no amor, sexo, saúde e dinheiro. Quando o Samba de Cuiabá levantar a galera do Sambódromo, lá estarei. (RH)