O estudante, aprendeu a ser militante. E agora, professor, ensina o estudante a ser militante. E a roda não para. O escritor fica famoso, vende mais livros, por escrever aquilo que a militância aprova. O compositor vira star, ícone, influenciador, quando canta: Rainha Louca, Rei Gordo, Rei Medroso. Maior o escracho, maior o xingamento, maior a fama.( O primeiro jornal brasileiro. D. João trouxe a tipografia para o Brasil)
O que gruda mais no imaginário da criança, do adolescente: saber que D. João criou o Banco do Brasil, Hospital de Cirurgia, ou que ele tinha medo “de siris, caranguejos e trovoadas. Durante tempestades no Rio de Janeiro, ficava escondido em seus aposentos”?
Ou, “o Rei, na cama, comia dez coxas de galinha. Arrotava e peidava”. E a gurizada cai na risada. Aprendendo história. E, adultos, perguntam: por que o Brasil é um país sem memória?
O Rei é gordo. O Rei é medroso. O Rei é tímido. O Rei é feio. O Rei é indeciso.
Não há o que discutir com o laureado escritor, Laurentino Gomes. O Rei era gordo. Aliás, Reis, praticamente todos, eram gordos. Mas, quanto ao Rei D. João VI, ser medroso, há controvérsias. Segue as minhas:
João Maria José Francisco Xavier de Paula Luís Antônio Domingos Rafael nasceu em Lisboa no dia 13 de maio de 1767. Sendo o segundo filho do Rei D. Pedro III e da Rainha Dona Maria I, ele não era o herdeiro do trono. Mas, José, seu irmão mais velho, morreu de varíola.
João, “medroso”, diz não ao Bloqueio Continental
Em 1799, com a mãe doente, João assume como Príncipe Regente. O “medroso” enfrenta o arrogante Napoleão Bonaparte.
O italiano/francês obcecado em substituir a libra esterlina- moeda padrão dos negócios, junta seus dominados e cria o Bloqueio Comercial contra a Inglaterra (tipo BRICS). Napoleão exigiu: “expulsar o embaixador inglês de Lisboa; fechar os portos para navios ingleses; prender os ingleses e confiscar os bens deles; declarar guerra à Inglaterra”.
João “medroso”, diz não ao todo poderoso Napoleão que, obcecado em isolar a Inglaterra, se transformou num anão diplomático, paranoico.
O plano: colocar um Bonaparte no trono português. E de lá, dominar o Brasil, de onde os franceses foram expulsos.
João “medroso” reúne o Conselho de Estado, dividido entre “franceses e ingleses”. Consegue unanimidade para mudar-se ao Brasil. Deixando homens de sua confiança, com instruções para negociar com os franceses, evitando um banho de sangue de portugueses. (aqui textos e aulas da militância: “D. João fugiu, levando as riquezas de Portugal, deixando o povo sozinho”.
João “medroso” driblou Napoleão. Quando o general Jean Janot chegou a Lisboa com seus 30 mil soldados (milhares de espanhóis) D. João e sua Corte já estavam em alto mar. Protegidos pela marinha da Inglaterra.
João, “medroso”, não era aquele gordo balofo, indeciso. Mostrou-se sábio e ágil, ao confirmar e aplicar os tratados assinados por Portugal com a Inglaterra: em 1386 o Tratado de Windsor, aliança diplomática e militar. Em 1703, o Acordo dos Panos e Vinhos.
João “medroso”, ao respeitar tratados, solidifica cooperação e amizade Portugal/Inglaterra. E com benefícios ao Brasil Abre os Portos às Nações Amigas.
João, “medroso”, sabia o que estava fazendo. Em 16 de dezembro de 1815, tirou o Brasil do status de colônia portuguesa, e passou para o de integrante do reino de Portugal. E ele, Rei de Portugal e do Brasil.
João, “medroso”, se viu entre a cruz e a espada. Tendo modernizado o Brasil, ele criou uma classe média, chamada de burguesia, que não queria a volta D. João para Portugal.
O Rei gostava do Brasil. Mas, a burguesia portuguesa insuflada por intelectuais do Porto, Coimbra, Algarves, pressionava pela volta do legitimo Rei de Portugal. Ele queria ficar. Mas, acabou cedendo às suas responsabilidades e deveres. Voltou.
João, “medroso”, sabia que a independência do Brasil era inevitável. Sabia porque trouxera a Corte. E, construíra tanto, em tão pouco tempo.
João, “medroso”, voltou, em 26 de abril de 1821. Em Lisboa, enfrentou revoltas, traições. Uma delas, de seu filho Miguel, que o prendeu.
João, “medroso”, venceu mais uma. E batalhou para seus ministros e toda a Corte, aceitarem a independência do Brasil. Empresários queriam que o Brasil continuasse colônia. E por isso, conspiravam para tira-lo do trono.
João, “medroso”, depois de noites e dias de negociações, venceu mais uma. Em 1825, o rei D. João VI assinou o reconhecimento da Independência do Brasil.
João, “medroso: de Laurentino Gomes. De jornalistas, compositores, cantores, diretores de filmes, picados pelo mosquito do esquerdismo, faleceu em 10 de março de 1826, aos 58 anos.
IN MEMORIAM de D. João VI.
Em 13 anos, D. João VI construiu obras essenciais. Modernizou o Brasil. Procure. Descubra, o que ele fez em tão pouco tempo.
E cá estamos, às vésperas de 7 de setembro, data magna, que deveria ser celebrada, de verde e amarelo, por todo o Brasil, atolados em vulgaridades. Perdendo tempo e recursos. Pagando preço, altíssimo, por xingamentos e palavrões que não deveriam ter sido ditos.
(Segue: O primeiro país a reconhecer a Independência do Brasil)
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