Trilha Sonora Grito de Gol, Marasca
Elize atirou na cabeça do marido Marcos Matsunaga. Ainda vivo, com uma faca sushi Elize tirou-lhe a cabeça. Com maestria de acougueira desmembrou o corpo. Os pedaços em sacolas de plástico azul. Lavou tudo em silêncio para não acordar a filha “que ela ama tanto”. Jogou os restos numa estrada de Cotia, São Paulo. No salão de beleza mudou o castanho pelo loiro que usava quando acertava “programas” pela internet por onde conheceu o marido milionário. Fez unhas e pés. Comprou bolsa Luis Vuitton. Doou armas da coleção do marido que ela cortou em pedaços para a Campanha do Desarmamento.
Roteiro de filme que pode trazer vitória para o Cinema Nacional tão derrotado por suas biografias políticas, comerciais, falsificadas, historietaa, temas “sociais” e escracho. Barbaridade ideal para “dramaturgos” apimentar o tema das novelas-aulas de comportamento recheadas de heroínas canalhas; mentirosos; trapaceiros. Esquartejadoras, assassinos de pais, mães, canibais, incineradores de corpos, matadores de crianças, dão mais Ibope que sacanagem e corrupção. E IBOPE é o que interessa. Para mais faturamento e mais poder sobre políticos. E para mandar mais ainda nos que mandam no país.
“Ela não demonstrou nenhum tipo de indignação ou emoção”, delegado Jorge Carrasco do DHPP/SP.
“Garota prestativa, ajudava em casa, fez Curso de Enfermagem. Elize chora muito e em nenhum momento se mostrou preocupada com ela, mas com a filha. Ela tinha medo de perder a guarda da filha e agora está triste porque não poderá ficar ao lado da criança. Ela merece relaxamento da prisão, não constitui ameaça e pode aguardar o julgamento em liberdade” diz porta- voz da família da esquartejadora do marido. Três dias após confessar o crime que não chocou o país- por ser mais um do gênero- a esquartejadora começa a receber sinais, palavras, e gestos de compaixão.
È bem Brasil o contato físico de policiais com criminosos, o abraço amigo, protetor. Figuras proeminentes da República a defender marginais, ladrões, corruptos. Brasileiros a rezar pela saúde de safados, malandros políticos. Chorar a morte de canalhas. Ser caridoso com assassinos de bebês. Ter compaixão por canibais. Votar em ficha suja.
Explicações, justificativas, desculpas, de todo tipo
Há explicações e justificativas para todo tipo de crime, desvio de conduta, de recursos públicos. Como neste momento quando o país espera o julgamento dos réus do Mensalão, o crime político de esquartejamento das instituições Casa Civil, Palácio do Planalto, Congresso Nacional:
“José Genoíno foi guerrilheiro, presidente de partido, jamais faria parte do Mensalão. Zé Dirceu foi presidente da UNE, lutou contra a ditadura, não é o pai do Mensalão. Lula, retirante, pobre, não compactuaria com corrupção. Collor sempre foi rico. Não precisava de dinheiro. A culpa é do PC Farias. Onde não há culpado ninguém é culpado.
O japonês poderia tirar a filha de Elize. Ele ameaçou dizer no Fórum que a conheceu como prostituta. O que ela fez, no fundo, não é culpa dela, mas da desigualdade social, da luta de classes. A exploração do homem pelo homem levou Elize a “programas” via Internet. Os radicais “ideológicos” diriam que a culpa é do capitalismo norte-americano. No exterior também há hediondos. Ela cometeu por paixão e proteção da filha, explicarão sociólogos, antropólogos, mentores da carreira política de Luis Ignácio. O dadivoso criador de Bolsas de dinheiro para criminosos-prisioneiros-eleitores.
A tragédia nacional é que 50/60/70 milhões de brasileiros acreditam nessas desculpas e justificativas absurdas, degradantes. E ainda votam em quem as defendem. E por aí vai ate a absolvição, fuga, relaxamento da prisão, liberdade por boa conduta, perdão, esquecimento. A depravação social. O hediondo. O horror. O bárbaro. O crime. Passam para terceiro plano. Estamos a criar cidadão-mutante-monstrengo destituído de qualquer feeling. Estuprei. Esquartejei. Queimei. Corrompi. Roubei. E daí? Não gostamos de regras. Detestamos posturas. Não respeitamos código de conduta. Protocolos. Mas, há elite ideologicamente confusa que declara sermos o país que mais defende os “direitos humanos”. “Povo bom, calmo, avesso à violência. Barbaridades no Brasil? Nem pensar”.
“Mais um crime passional. A paixão é incontrolável”.
A psicóloga Adriana Berger refuta a simplicidade da justificativa: “onde o estalo, o rompante incontrolável da paixão? Sabe-se que o Reverendo da igreja que ambos freqüentavam advertiu o marido para se prevenir de Elize. Depois do tiro fatal foram dez horas pensando no que fazer com o corpo. Crime passional? Ela pensou, matou, esquartejou, friamente”.
Por que a nação assiste passivamente essa goleada de crimes hediondos cada vez mais repugnantes a nos dar um macabro título mundial? Nossos crimes bárbaros suplantam os cometidos em países de Primeiro Mundo e de povos em guerra.
Adriana Berger: “O perigo da degradação social é que esses crimes bárbaros são cometidos por pessoas sem vínculos e motivações ideológicas, religiosas, políticas. Diferentemente de crimes do terrorismo, ideológicos, políticos, do fundamentalismo religioso, fanatismo, tráfico de drogas como no México que são espantosamente bárbaros”.
“No Brasil é o indivíduo, a cidadã acima de qualquer suspeita, quem esquarteja. O rapazola que rouba e mata rindo. A moça que joga o seu feto para cachorros. O neto que estrangula a Vovó que o criou. Político-militar decepando desafetos com moto-serra. Muitos incinerados vivos como o jornalista Tim Lopes. Criança arrastada por carro. Filhos matando pais. Pais jogando filha pela janela. No lixo. E ate canibalismo. Paira sobre o país nuvem tóxica de impunidade e de obscurantismo levando-nos á barbárie. Ao canibalismo social, carnal. Políticos e gestores corruptos, religiosos usurpadores da fé e da crença, programas televisivos, embrutecem e emburrecem o Brasil”.
E nenhum instituito, liderança política ou televisiva a debruçar sobre esse pesadelo, a limpar essa mancha que nos aniquila, dia-a-dia, e desmoraliza o Brasil mundo afora. Onde o brasileiro cordial, de samba e pandeiro, paz e amor? Sem doutrina e projeto nacional, sem saber o que somos e para onde vamos, valorizando cada vez menos princípios, honradez, dignidade, moral, ética, respeito mútuo, nós caminhamos para um buraco negro, sem retorno. Entre na história e veja o que aconteceu com os povos que trilharam o caminho da depravação social, do tudo por dinheiro. O criminoso exemplo de lideranças políticas, da prática política nacional, institucional, contamina o cidadão comum e a nação. Só temos bens materiais.
A degradação vai continuar. Basta ver como se aplica a Lei dos Crimes Hediondos, 8.072 de 25/7/1990, criada face á onda de seqüestros e mais precisamente o de Abílio Diniz, do Pão de Açúcar. Hoje, quem se preocupa com seqüestros? Não é mais noticia quente para os que fazem fortuna e carreira política com programas policialescos na TV e Rádio. Banalizou e brutalizou geral. Banal e vulgar estão política, o gestor público, musica, arte, cultura. A saúde pública e seu atendimento, brutal, desumano.
A simpática Ana do noticiário Hoje da TV Globo lê noticia de incineração e esquartejamento de pessoas e canibalismo e passa para uma novidade de moda, comida e diversão, com sorriso e naturalidade. Seqüestro, estupro, latrocínio, adulteração de produtos farmacêuticos e medicinais (todos hediondos) de tão corriqueiros, não dão mais IBOPE.
Canibal nordestino: “Juro, não comi o coração. Só o fígado. A gente vendia empadinha com carne humana”.
Sem formadores de caráter; com o esquartejamento das instituições; com mal formados em história, convivência social, educação, cultura, criando, editando, agendando e dirigindo programas de TV; (a maior e mais influente escola nacional) com godos, visigodos, iguanodontes, mutantes, no comando da política e da administração pública; os crimes hediondos, depravados, asquerosos, repugnantes, horrorosos, bárbaros, vão continuar. É mais uma Copa ganha. Mais um título de o melhor do mundo!
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