Quando penso em valsa penso em Viena. Tango, na Argentina. Rock and roll nos Estados Unidos. Mambo, cha-cha-cha, rumba, em Cuba. Gosto muito de flamenco, alma e luz do povo espanhol. Fado só em Portugal. Samba é Brasil.
Futebol
Com cinco títulos mundiais e sediando a Copa do Mundo gostaríamos que o futebol fosse coisa nossa. Inventado por nós. Mas, não é. Em Esparta, times com quinze, corriam atrás de uma bola de bexiga de boi cheia de areia. Soldados chineses com dez de cada lado chutavam a cabeça de soldado inimigo.
No giogo de cálcio o que menos interessava aos italianos era a bola. Por rixas pessoais e brigas familiares partiam para violência extrema. O jogo foi proibido. A Inglaterra- dona dos mares- civilizou o jogo. Deu-lhe regras. Em 1871 surgiu o goleiro: único jogador que podia por a mão na bola sem cometer falta. O pênalti e o tempo regulamentar foram estabelecidos. A FIFA foi criada em 1904.
Um menino nascido no Brás, São Paulo, foi estudar em Londres. De lá, Charles Miller trouxe a bola e as regras. O São Paulo Athletic foi o primeiro time do futebol brasileiro. O primeiro jogo, com Miller na equipe, aconteceu no dia 15 de abril de 1895.
Samba
O samba é anterior ao futebol. Mas, o primeiro som considerado samba foi gravado 22 anos após a primeira partida de futebol: Pelo Telephone, de Donga e Mario de Almeida, cantado por Bahiano. Samba e futebol foram proibidos. Samba e futebol passaram a distinguir o Brasil de outros países. O tango também foi proibido. È considerado o ritmo nacional da Argentina.
Por acordar e dormir com música. Pelas minhas andanças promovendo o carnaval, a música brasileira no exterior, descobri sons e ritmos. Todos os povos têm seus ritmos e suas músicas. Poucos, porém, se destacam pela criação musical com abundância e variedade como os Estados Unidos, Brasil, Cuba, México, Espanha, Itália, França, Argentina…
Há brasileiro que detesta samba, futebol, carnaval: ópio do povo.
O mesmo sobre o rock and roll. “Arma americana de penetração”. O esquerdismo nacional arrasou Carmen Miranda: “voltou americanizada”. “A bossa-nova é plágio carioca do jazz, do blues”. Conversa fiada e safada do esquerdismo e do atraso musical. A batida made in Brazil que somente os nossos Milton Banana sabem fazer virou febre musical.
A bossa nova foi/é gravada, interpretada, pelos mais famosos cantores/as do mundo. No seu berço, esquecida. Tivesse eu sido consultado a bola da Copa jamais seria Brazuca. Expressão de cunho pejorativo (ver RH). Seria bossa-nova. Para levar gerações ao maior momento musical do Brasil no mundo.
A culpa não é do samba, do futebol.
O alvo de frustrações, decepções, dogmas ideológicos, religiosos, não deve ser o samba, futebol, o carnaval. O alvo deve ser o mau uso, a exploração, a corrupção, que tomaram conta do conjunto dessa obra maravilhosa criada e produzida pelo brasileiro. Graças ao cinema e a Walter Disney Carmen Miranda colocou o samba e o carnaval no cenário mundial. Aquarela do Brasil foi hit durante anos. Da década de sessenta em diante Garota de Ipanema tem sido a música brasileira mais tocada no exterior.
O rock é o passaporte musical dos Estados Unidos
Como nos Estados Unidos a nossa riqueza musical regional é imensa. O sertanejo aqui e o country lá são forças musicais e empresariais de grande importância. Mas, está definitivamente selado que o rock and roll é a cara dos Estados Unidos. Há imitações. Desdobramentos: rock and blues, rock londrino, latino, brasileiro. Mas, o rock é o passaporte musical dos Estados Unidos.
E não há discussões “ideológicas”, partidárias, comunitárias, raciais, sobre o assunto. Brancos, urbanos, rurais, índios, negros, sulistas, nortistas, tocam, dançam, prestigiam, o rock. Da Flórida ao Oregon. Não é como o samba que deveria ser mais conhecido e tocado do Oiapoque ao Chuí.
A grande chance
Não foram políticos que fizeram o Brasil conhecido e famoso. Com exceção de Getúlio Vargas (pela identidade nacional) e Juscelino (por Brasília) a imagem dos nossos políticos é péssima. A boa imagem do Brasil dependeu sempre da percepção positiva que a música e o futebol irradiam. Atualmente, graças às safras cada vez maiores, o agro negócio tem ajudado a manter positiva a imagem do país “possível”. Capaz de grandes feitos.
O samba sempre foi um convite
Na neve, o europeu fecha os olhos e vê o sol brilhando em praias com frutas, água de coco, caipirinha, mulheres lindas, carnaval, o ritmo inebriante do samba. E para ver e sentir isso ele vem passar gastar o dinheiro de suas férias no país abençoado por Deus e bonito por natureza.
Mas, a elite que dirige o país foi desmanchando essa imagem bonita. Substituída pelo assalto, seqüestro, estupro, queima de ônibus. Crimes cada vez mais bárbaros. E muita corrupção oficial e oficiosa. Em Madri ouvi de Manolo: “aqui temos gente que diz o seguinte: Brasil país do futebol, das bundas expostas, e da corrupção.
Logo, logo, acrescentarão “e dos crimes bárbaros e da violência extrema”. Muito antes Jorge Amado escreveu: País do carnaval, cacau e suor. De cima a baixo o Brasil está embrutecido. As relações sociais, contratuais, estão trincadas, cada vez mais brutalizadas. Da percepção de alegria para a da tristeza. Da beleza para a feiura. Do gentil para o grosseiro. Do educado para o ignorante. Do Popular ao Vulgar.
Ele disse ”nem só de pão vive o homem”.
Rolezinho é uma manifestação de vazio existencial. A culpa não é dos shoppings. Dos freqüentadores, cliente, grife. A culpa é do governo e suas teorias ultrapassadas. Há milhões de jovens desvinculados da nação. A frustração com a classe política é imensa.
A turma do Rolezinho rejeita, “a botina, o jabá, a farinha, a dentadura, o remédio para vermes, um trocadinho, o puxadinho”. Adolescentes estão dizendo: “Escola ruim. Cultura ruim. Meio ambiente ruim. Transporte coletivo ruim. Programas de TV ruins. Políticos ruins. Sem alternativas: “masturbar, transar, zoar”. “A nossa turma não fuma maconha, não usa crack. Não somos bandidos. Queremos espaço. Queremos conhecer. Viver. A mocidade passa em branco e depois”? “Nós queremos ser alguém”.
Algo está errado na gestão pública
Mas, os ideólogos e teóricos do governo insistem em sair de banda. Não enfrentam o problema do embrutecimento com coragem e humildade. Ou quando fazem é com atalho, quebra-galho. A crise permanente nos presídios tem um nome: construir prisões modernas. Penitenciárias tecnológicas. Nas quais o preso come, dorme, trabalha, lê, com higiene.
O exemplo pegou “não vi, não li, não ouvi, não sei”. No governo central lavam as mãos como Pôncios. Vejo no Facebook o apelido Dilma Pilatos.
Esperamos anos para a construção de um prédio, um estádio, que podem ser demolidos em 5 minutos.
Tudo que- Carlos Gomes, Santo Dumont, Villa-Lobos, Carmen Miranda, Ary Barroso, Vanja Orico, Bidu Sayão, Guiomar Novaes, Os Índios Tabajara, Laurindo Almeida, Luiz Bonfá, Leny Eversong, Eumir Deodato, Nelson Freire, João Carlos Martins, Sergio Mendes, Vinicius de Moraes, Baden Powell, Pelé, Tom Jobim, João Gilberto, Airto Moreira, Do Um, Benito Romero: fizeram/fazem pela imagem positiva do Brasil vem sendo destruído. Sem contestação. E o pior. Sem substitutos à altura desses grandes autores e suas obras.
A Era Lula é a de maior pobreza cultural do país.
Década de pobreza cultural, musical, de alternativas. País celeiro de humoristas perde o humor. Década responsável pela acelerada brutalização do Brasil. Foi a que mais destronou valores e imagens positivas do Brasil gravadas na retina espiritual europeia, americana, asiática. Fonte de turismo e de recursos externos.
Lula com seus “ideólogos” empobreceram mais ainda o ambiente cultural/musical/ao distanciar o Brasil dos centros produtores de Música, Cinema, Artes, Tecnologia, Ciência, Pesquisa. Seus “amigos, líderes, irmãos, companheiros” do exterior não acrescentaram absolutamente nada à renomada tradição e criatividade musical e futebolística do Brasil. Uma década perdida. Com atraso.
Já que temos que engolir a mais cara Copa do Mundo é inteligente usá-la como a grande chance de unindo samba e futebol darmos a volta por cima com espetacular revival de nossas melhores tradições de hospitalidade, musicalidade, educação. Chance imperdível para jogarmos nas telas e celulares do mundo a sempre querida e desejada imagem do Brasil, brasileiro.
Não trabalhei com nada, não fiz nada, nos meus 40 anos no exterior, que não tivesse diretamente ligado à produção cultural, musical, turística, esportiva, do Brasil. E não foi pouco. Entre tantas criações deixo o Brazilian Day uma marca, um acontecimento Forever. Sinto-me, pois, no dever e obrigação de sugerir a presidente do meu país que:
Convide Washington Olivetto, Nizan Guanaes, Boni, Roberto Medina, entre outros, para darem o toque de quem sabe. Mágico. Na imagem brasileira visando o exterior nas peças promocionais da Copa do Mundo. Propaganda interna e anúncio não são o mesmo que promoção. A Copa já é no Brasil.
Impossível evitar que as peças promocionais da Copa, da nossa seleção, não estejam impregnadas de propaganda do governo em ano eleitoral. Afinal Brasília investe bilhões para realizar a mais custosa Copa do Mundo. E com ela e a taça ganhar as eleições. Mas, há que ter lucidez para não misturar Governo com o Estado. Lula com Neymar. Castro Alves diria: “A Copa é do povo como o céu é do condor
O turista e o torcedor nacional estão se lixando pelo tipo de governante que temos. Mas, levarão para sempre a boa ou má imagem do Brasil. E isso é o que deve estar acima dos interesses partidários, pessoais, eleitorais. O Brasil first.
Há que deixar a idiotice ideológica de lado e ver o que a Copa pode refletir sobre nós NO EXTERIOR e não aqui dentro. No Brasil, as bolas estão marcadas. Já sabemos por que, por quem, onde. O que precisamos é recuperar a imagem positiva do país e não conseguiremos isso apenas com belas imagens do Cristo, Copacabana. E de bundas. Mesmo as mais bonitas e suculentas.
Água de coco há e mais barata em todas as praias latinas. Recentemente, tomei um Coco Loco, na República Dominicana, por apenas 2 dólares. Cercado de bundas caribenhas, afrodisíacas, em praias limpas, próprias para banho de mar azul.
Convidar Ana Botafogo e Carlinhos de Jesus, e outros, para criarem coreografia e grupo de samba-balé para todos os eventos oficiais da Copa. Os passos do samba são muito mais leves, bonitos, que o break dance de estilo robotizado. O samba não é pornográfico. È sensual.
Por concurso, enquete, ou escolha pessoal da Presidente, indicar o cantor/cantora para o Hino Nacional em todas as partidas. Como anfitriões da Copa nós temos o direito de insistir e conseguir isso. O Hino cantado e não apenas tocado.
Que o cantor/a do Hino ou Música oficial da Copa seja brasileiro/a. E se a FIFA por o pé no nosso pescoço e ameaçar dar pontapé na bunda nacional (como vem fazendo) que pelo menos nos apresente uma lista tríplice dos escolhidos. A casa é nossa. Os estádios nos custaram os “olhos da cara”. Temos “direitos humanos” de escolher a voz que cantará a Copa no Brasil para o mundo.
Os DJ da Copa na sinfonia do samba com futebol
Que uma trilha sonora dos nossos ritmos mais conhecidos seja executada nos estádios. Com os DJ da Copa. Tipo fundo de jogo. Para cada drible um repique do tamborim. Para cada gol os surdos e cuícas se levantam. No lugar de Vuvuzelas e sons irritantes musicalizar as partidas com a majestosa sinfonia do futebol.
Deixar o turista, o torcedor da Copa, “receber”, incorporar, ser contagiado, no grande “terreiro” que é o estádio, pelo samba, o ritmo do Brasil. Para quando ele entrar no avião e chegar a seu país “aquela música, aquela “loucura” de dribles, gols e sons, fiquem para sempre na sua cabeça. Isso sim é “encantar” o turista para que ele volte mais e mais vezes. Precisamos manter a boa imagem do país tão belamente construída no imaginário mundial.
Trilha sonora:
Encaminhe para parentes e amigos no exterior: www.oreporternahistoria.com.br. Escreve que eu publico: oreporternahistoria@gmail.com